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Natal no Borel

Às vezes me pergunto que estranho e tão profundo sentimento é esse que me toma cada vez que enxergo mais de perto as necessidades e injustiças do mundo.

A vida segue em um curso determinado pelas nossas escolhas, boas ou ruins. E, definitivamente, não acredito em coincidências, mas em soberania, propósito e permissão de Deus.

Nos últimos meses, tenho experimentado, de forma especial e única, o tamanho poder da oração. E entre tantas situações não poderia deixar de compartilhar as do último sábado, dia 13 de dezembro de 2014. E eu nem sei expressar tudo que senti nessa data, ainda.

Pouco tempo atrás, recebi de uma amiga a sugestão de fazermos alguma ação diferenciada nesse Natal. Não passava pela minha cabeça promover algo, já que nos últimos anos estabeleci uma meta de adotar crianças para presentear, objetivo que tenho perseguido ano a ano.

Quando ouvi a ideia uma luz acendeu em mim. Era algo que jamais havia feito na vida. Embora, refletisse sobre ser um grande desafio, fui perguntar a amigos se eles conheciam alguma instituição ou projeto que precisasse. Foi assim que cheguei até o Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Entrei em contato com a JOCUM Borel e decidimos fazer uma festa para cem crianças aberta a toda a comunidade. Tínhamos alvos financeiros para promover o evento e a proposta de arrecadar brinquedos, em cerca de dois meses.

Decidi mergulhar nesse desafio. Fiz cálculos e planos e em vez de desaminar me empolguei e acreditei que seria possível. Comecei a mobilizar amigos de todas as partes. Poucos abraçaram a causa. Cheguei a pensar em desistir e cancelar a festa. Mas eu não poderia voltar atrás, não só preservando a minha palavra, como considerando que muitas crianças já deveriam estar ansiosas pela chegada desse dia. Senti tristeza, solidão e fiquei perdida tentando encontrar uma saída.

Dentro de mim um sentimento pulsava forte insistindo para que eu perseverasse. Foi então que na última semana já desolada fiz uma oração para Deus: “Senhor faz um milagre, se não eu não vou conseguir. Mas eu sei que você pode resolver essa situação”.

Mais uma vez comecei a mobilizar amigos. Eu sabia que sozinha não conseguiria arcar com todas as despesas e já tinha ido muito além do que poderia no meu orçamento pessoal. Mas aquela oração, aquele pedido de socorro e conforto fizeram toda a diferença.

Lembro que naquela semana a Andrea, lá do projeto, me disse que era para orar que a previsão do tempo era de chuva e o local era descampado. Sábado amanheceu com sol, mas pouco antes de sair de casa, para o ponto de encontro e subir a comunidade, começou a chover muito forte. E mais uma vez eu falei: “ E agora, Senhor”?

Minutos depois meu telefone toca e era a Andrea me perguntando: - “E agora Raquel, o que faremos”? Eu não havia visitado a locação, nem se quer havia pisado no Borel... Fiquei em silêncio e ela me disse: “Vamos dar um jeito aqui”. Eu realmente não tinha resposta, mas não poderia voltar atrás.

Dentro de mim batia uma angústia enorme. Eu havia mobilizado amigos de Macaé e São Gonçalo e por milagre havíamos conseguido alcançar a meta dos lanches e brinquedos. Eu pedia para que Deus chegasse antes de mim aquele local.

Chegamos ao ponto de encontro e todos estavam lá felizes e a chuva não parava. Enfrentamos dificuldade até para subir a ladeira ingrime e escorregadia. Foi então que olhei para o alto e vi que a festa já estava toda preparada, num lugar seco onde os convidados já se esbaldavam nas brincadeiras.

A Andrea me disse que havia conseguido o dinheiro para o aluguel dos brinquedos somente naquela semana. E que recorreram a quadra que foi emprestada pela Igreja Católica prontamente, pouco tempo antes de chegarmos.

Eu olhei para a quantidade de crianças e pensei: “Senhor não vai dar. É muita gente”!

Então começamos as brincadeiras. As pessoas me perguntavam o que ia acontecer e eu dizia que não sabia que tinha convidado uma amiga que cantava e outra que fazia KID’s Games. Acabou que fui quase mera expectadora de um grande espetáculo, orquestrado por Deus.

Nada faltou e ainda sobraram algumas coisas.

Aquela criançada ficou atenta ao teatro, orou, lanchou, se divertiu e recebeu presentes naquela tarde.

O fato de lembrar tudo o que aconteceu naquele dia ainda me faz chorar.

Eu pude sentir a presença de Deus.

Eu pude ver sorrisos escancarados.

Eu pude dizer para aquelas crianças que Jesus as amava muito.

Eu pude abraçar elas.

E eu mais uma vez pude entender que é preciso confiar em Deus.

E, no final do evento, eu ouvi da Andrea que aquele ali era o único Natal que a maioria das crianças teria...

Meu sentimento de gratidão à Deus, a minha família e aos meus amigos é incomensurável.

E assim Deus vai me ensinando que o impossível é Ele quem faz!


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