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Histórias de transformação

 

Gostaria de abrir esse espaço contando a história de superação de uma pessoa muito especial para mim: a minha mãe.

Certamente, todo mundo conhece ou tem alguma boa história para compartilhar e mostrar que existem capítulos e trechos das nossas vidas que serviram de aprendizado e força, mas que devem ser deixados no passado para que não atrapalhem a construção do nosso futuro.

 

Que esses relatos sirvam de apoio e exemplo para que muitos traumas e feridas sejam superados.

 

Ela nunca teve uma vida fácil. E, com certeza, renderia um bom livro contar a história de Dona Vera Lúcia Lima, nome ainda de solteira. Nascida em 22 de julho de 1950, a chegada dela ao mundo foi um tanto precoce, de um relacionamento entre adolescentes de no máximo 16 anos.

Quando pequena carregava o sonho de ser enfermeira, mas foi impedida de frequentar a escola. Anos depois, viu primeiro na costura e depois na estética a chance de ganhar a vida. As marcas de anos de dedicação estão expostas nas mãos, nas inúmeras cirurgias que foram realizadas devido ao desgaste provocado pela rotina intensa de trabalho, anos a fio.

 

Ouvi tantas histórias... De natais sem brinquedos, de fome, humilhação de dificuldades que me causam profunda tristeza em ouvir. É difícil saber que tudo isso se trata da verdade de vida da minha mãe. Gostaria tanto que tudo tivesse sido diferente. Mas não foi. É real e muito doloroso!

Bem jovem, ela conheceu meu pai, e o que parecia ser a possibilidade de mudança, não foi. A vida continuou difícil. Vieram os filhos, somos dois homens e uma mulher.

 

Para tocar a vida de forma independente, ela se matriculou num curso técnico e foi dai que tirou recursos para formar todos os filhos e suprir com certa tranqüilidade cada uma das nossas necessidades.

 

No início teve que trabalhar escondida, mas no final meu pai já atribuía a ela todo o sucesso pelo sustento e consequentes desenvolvimento e crescimento da nossa família.

 

Às vezes ainda me perguntou como minha mãe conseguiu chegar tão longe e se tornar uma fortaleza. Me pergunto se eu seria capaz de aguentar tanta coisa e me julgo totalmente incapaz.

 

Meu pai se despediu de nós há alguns anos. E até hoje sofremos o peso e a dor da saudade. Ela sofreu bastante. Foram 39 anos de convivência, entre altos e baixos, mas sempre estiveram juntos.

 

Hoje, ela está com 64 anos. Tem mulher que não gosta de revelar a idade, mas olhar para o passado dela mostra o quão longe minha mãe chegou.  Venceu a depressão, a pobreza, o abandono, a solidão, o analfabetismo, a humilhação. Deu a volta por cima em grande estilo.

 

Eu sei e quem a conhece também sabe que a receita de bolo que a descreve se baseia em três ingredientes essenciais que as torna especial: ser dedicada, fazer com excelência o que vier em suas mãos e ser temente a Deus. A vida não se tornou mais fácil em todo esse tempo, mas ela decidiu não desistir e enfrentar tudo de cabeça erguida. Até casou de novo com toda pompa e circunstância!

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